Por Renan de Oliveira e Sara Dias
No próximo domingo (28/07), Vitória sediará a sua 12ª Parada LGBTQIA+, um evento que se consolidou como um importante marco no calendário cultural e social da cidade. Este ano, o manifesto destaca o tema “População LGBTQIA+ na luta pela justiça ambiental”, sublinhando a intersecção entre a defesa dos direitos das minorias e a proteção do meio ambiente.
Ao longo de julho, uma série de atividades, incluindo oficinas, mesas criativas e o 1º Seminário Nacional de Transfobia Ambiental, prepararam o terreno para o evento principal, refletindo a relevância e o impacto que este movimento tem na comunidade local.
As expectativas para o evento deste ano estão altas para os participantes. Robert Bizi (21), estudante e artista Drag, comenta ser uma oportunidade para encontrar e rever amigos, como também celebrar em comunidade.
“Que seja um espaço para união e celebração das nossas conquistas. Que seja um lugar de empoderamento e coragem, para comemorarmos a diversidade e a representatividade com muita alegria”, afirma.
Robert esteve presente pela primeira vez na Parada LGBTQIA+ de Vitória em 2022, e revela o que esse manifesto representa para ele:
Diversidade artística capixaba
“A parada para além de um evento, é um manifesto político, social e cultural. É coletivo e acontece através da diversidade. Somente 5 atrações não faz uma Parada, é preciso estar sempre pensando em buscar uma variedade de gente e atrações que consigam construir um espaço sólido de liberdade e criatividade” afirma Pablo Vieira, produtor cultural e DJ, também Educador Social na Associação GOLD, responsável pela programação e curadoria de artistas para a 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória.
Durante a Mesa Criativa (19/07), atividade que fez parte da Semana de Cidadania LGBTQIA+, que oferece uma série de eventos pela cidade, promovendo reflexão sobre direitos humanos e meio ambiente, estiveram presentes na bancada os artistas capixabas Alexia Clotilde integrante do Bloco Afrokizomba, Bruna Medeiros do Grupo Olhar de Sedução, a DJ Lua Alice e o PV Barbosa, representando a Escola de Samba Novo Império.
Robert Bizi sobre a Parada LGBTQIA+.
Com mediação do Pablo Vieira, os artistas que fazem parte das atrações da parada, debateram sobre a relevância dos movimentos sociais e o papel da Parada LGBTQIA+ como resistência em defesa da diversidade e da liberdade.
No mesmo evento, destacou-se que a parada como um manifesto é uma oportunidade de colocar em cima do trio ou do palco artistas de diferentes vertentes, que abrangem diferentes lutas e histórias. Para a construção da Line-Up de atrações artísticas da 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória, foi divulgada uma convocatória com a intenção de selecionar artistas para integrar a programação.
A organização priorizou a seleção de artistas capixabas a fim de “democratizar o acesso e abrir o nosso palco para novos olhares da cena capixaba” conforme divulgado pela Associação GOLD.
“Ter essa variedade e diversidade de artistas é muito importante para agregar o nosso manifesto. E essa convocatória surge desse local de curadoria e pesquisa, e entender que a programação não é construída só para as pessoas curtirem, mas se molda como um ato político, de abrir espaço para conhecer como a produção capixaba está se desenvolvendo no estado. E a partir disso, reafirmamos uma programação 100% capixaba”, alega Pablo sobre o processo de escolha das atrações.
“A cena artística de Vitória é grandiosa, precisamos abrir espaço e incluir muito mais artistas LGBTQIA+ racializados, sejam pretos, indígenas, entre outros. É muito importante termos voz e eu estou muito feliz em poder fazer parte da parada de Vitória, ela é o nosso grito de resistência e a oportunidade de falarmos que estamos aqui e existimos, e que os nossos direitos precisam ser garantidos”, disse Lua Alice ou LUAA como é conhecida artisticamente, que é uma travesti afro-indígena multiartista, modelo, performer e DJ, defensora da cultura e da juventude.
A diversidade se apresenta também nos diferentes gêneros e mistura de ritmos musicais dos artistas escalados, e em especial ao samba, o produtor expõe que a Parada de Vitória se destaca em também dar espaço a esse ritmo que normalmente não está presente nessa ocasião em outros estados do país. “Trazer o samba para a parada de Vitória também é uma forma de reafirmar que existem sim pessoas LGBTQIA+ nesse segmento”.