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Afro Kizomba é destaque entre 300 artistas na 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória

Por Alice Santos e Renam Linhares

A cidade de Vitória e os capixabas se preparam para a 12ª Parada LGBTQIA+, que acontecerá no dia 28 de julho. Este ano, a festa começa com a concentração na Vila Rubim e segue para o Sambão do Povo, com o tema “População LGBTQIA+ na Luta por Justiça Ambiental”. A celebração será marcada por uma série de apresentações musicais que prometem transformar o evento em uma demonstração de inclusão e solidariedade. 

A música na Parada funciona não apenas como entretenimento, mas como uma ferramenta vital de expressão e união. Artistas LGBTQIA+ como os que compõem o Bloco Afro Kizomba, Winny e Xavier, utilizarão suas performances para apoiar a causa e promover a visibilidade da comunidade. 

Via Instagram @winny.rocha

O Afro Kizomba é o primeiro bloco afro do carnaval de rua de Vitória. Winny é uma pessoa não-binária que é responsável pela direção de arte do bloco, além de ter suas raízes diretamente ligadas aos fundadores do bloco.

Via Instagram @xavierolucas

Xavier Lucas é vocalista do bloco e participa desde o segundo semestre de 2018, quando o bloco esteve presente na Parada pela primeira vez com seus tambores.

O cantor foi vocalista do Bloco no carnaval de 2022, cantando para mais de 30 mil pessoas. Em 2023, o Kizomba participou novamente, dessa vez com banda, mas sem a presença de Xavier.  Por isso, o cantor destaca sua empolgação em participar da atual edição. 

“É uma posição de bastante representatividade, protagonismo, então para mim está sendo um momento muito valioso. Tanto na minha carreira quanto para a minha história de contribuição com o Bloco”, destacou Xavier.

“O Bloco Afro Kizomba entende que a arte é uma prática política, então a todo tempo a nossa ação artística não descola de uma ação de transformação da nossa existência, da nossa sociedade, então pensar a música, a dança, as apresentações dentro do contexto da parada é pensar essa ação política”, destaca Winny Rocha, diretore de Arte do Afro Kizomba.

Xavier Lucas ressalta a importância da música não só para a população LGBTQIAPN+, mas para a sociedade como um todo e como torna-se imprescindível a música para trazer alegria, arte, informação e posicionamentos políticos:

“[…] Segundo informações que eu recebi da Débora Sabará, a presidenta da associação (GOLD), vão ser mais de 300 artistas envolvidos nesse evento, na parada, e sem dúvida alguma esse é um dos eventos que mais está apoiando e dando visibilidade para artistas capixabas[…]” e também destacou  “[…]muitas vezes a arte, a música é um acessório para um mote principal […], então, muita gente faz o que gosta, gosta de fazer arte, gosta de cantar, mas, para muitas pessoas, isso é um trabalho”. 

Winny afirma também que o ato de colocar o corpo na rua, mostrar a cultura e bandeiras na Parada é muito importante para inserir o debate da cidade de forma aberta, tanto para a  população LGBTQIAPN+ quanto para toda a cidade discutir, pensar e repensar as suas práticas cotidianas, inclusive da ocupação do espaço humano.

“E nesses últimos tempos se faz uma forma de resistência mesmo, porque as políticas públicas no nível municipal nos últimos anos foram destruídas, a gente só vem diminuindo o número de ações estatais, de direitos e o que tem é feito a partir da agência das próprias pessoas em resistência à perseguição da própria da própria prefeitura, da câmara, dos espaços políticos institucionais da cidade”, conclui.

Os corpos e a conexão com o meio ambiente

A respeito da temática do evento, “População LGBTQIA+ na Luta por Justiça Ambiental”, o representante do Bloco, Winny, declarou que a expectativa para esse ano é muito especial porque a temática do desfile de carnaval de 2024 coincidiu com a da Parada. “O Afro Kizomba Levou para a Beiramar o tema “Saberes dos nossos Kintais: tecnologias ancestrais”, que é pensar essa relação com a terra, com a natureza, com saberes tradicionais, como uma forma de construir potência de vida. Então um corpo preto que se conecta com a natureza, com saberes que a gente carrega há muitos séculos e que faz a gente enxergar um futuro, uma existência mais potente, e eu acho que isso se conecta com a questão ambiental da Parada.”

Winny também prometeu um “desfile bem verde e bonito, festejando essa conexão entre esse corpo, que se conecta com a terra, que faz parte dele, que não se separa da floresta, da água, dos ventos, do fogo, da energia do axé, que a gente quer levar para o domingo”.

A 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória não é apenas uma festa, mas um espaço para a reflexão e a celebração da diversidade e da justiça. Com uma programação repleta de talentos locais e uma mensagem forte, o evento deste ano promete ser um testemunho do impacto positivo da música na luta pelos direitos LGBTQIA+.

Abaixo, imagens da apresentação do Bloco Afro Kizomba durante o Carnaval de 2024:

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Carnaval de Vitória 2024 | @afrokizomba

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