Por Eduarda Lisboa e Jadson Renan
Neste domingo (28), as ruas da capital capixaba irão vestir todas as cores para afirmar o orgulho na 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória. O evento, que espera mais de 10 mil pessoas, vai contar, começa na Vila Rubim, às 14h, e segue até o Sambão do Povo, com muitos shows e performances. Mesmo sendo uma das principais festas do Brasil, há 28 anos, a parada ainda não é considerada um patrimônio cultural.
Em todo país são mais de 19 milhões de pessoas LGBTQIA+ que lutam diariamente pela diversidade, igualdade e justiça social. A Parada LGBTQIA+, além de ser uma celebração, também é um ato político que envolve toda comunidade no Brasil. Em São Paulo, a festa chegou a reunir mais de 4 milhões de pessoas, em 2022. Neste ano, a metrópole brasileira contou com mais de 76 mil manifestantes.
O movimento influencia positivamente o comércio local, além de ser um marco na vida de diversos artistas, profissionais e pessoas, possibilitando um espaço de manifestação da cultura LGBTQIA+, preta, indígena e periférica.
A Constituição define patrimônio cultural como bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
De acordo com Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), para um evento ser considerado um patrimônio cultural imaterial, é preciso uma solicitação da parte da sociedade civil, podendo ser representada por associações, governos federal, estaduais e municipais, universidades, organizações não governamentais ligadas à cultura e à pesquisa.
A solicitação é feita através do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), que promove a captação de recursos e promoção da formação de uma rede de parceiros para preservação, valorização e ampliação do evento. Entretanto, após oito anos sem editais, em 2023 foram reabertas as inscrições do programa.
Esse tempo reflete como as políticas públicas para a cultura no Brasil muitas vezes são deixadas de lado. Lua Alice, conta sentir essa desvalorização, tanto por ser artista, quanto por ser uma mulher trans e afroindígena.

“A Parada LGBTQIA+ movimenta a cultura no estado e, principalmente, abre espaço para muitos artistas serem vistos. Abre espaço para outras pessoas conhecerem e quem sabe começarmos a trabalhar com cachês dignos. Mesmo assim, muita coisa precisa ainda ser feito, para a comunidade ter reconhecimento e respeito, até mesmo porque sabemos que nenhuma política é eterna e as coisas mudam e estamos vendo os retrocessos acontecendo”, contou a DJ Lua Alice.
A DJ, que irá performar na Parada LGBTQIA+ do Espírito Santo, ainda observa que mesmo o evento sendo um espaço relevante para mostrar a qualidade e a importância de artistas diversos para a construção de um mundo melhor, o preconceito ainda impede que o evento possa ser vista como uma manifestação cultural brasileira e capixaba.
“O Espírito Santo ainda é um estado extremamente conservador onde as pessoas se acham no direito de manifestar LGBTfobia abertamente. Esse preconceito me atravessa o tempo inteiro como pessoa e como artista. Os cachês, sempre serão menores e preciso ser 30 vezes melhor que qualquer um e ainda, sim, não sou boa o suficiente. São muitas camadas onde eu preciso pisar em ovos e muitas das vezes enfrentar transfobias camufladas”, afirma.
Em Vitória, o evento promete uma explosão de ritmos: do samba contagiante de Andréa Nery à batida afrobeat de Motumbaxé, passando pelo pop dançante de Gui Furler & Jefté Carter e o frevo contagiante da Quadrilha Império Junino.
A organização ainda reforça que a luta pela diversidade e igualdade vai além da festa. A 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória se insere na Semana de Cidadania, que acontece de 22 a 27 de julho, na Casa Verde, no Centro de Vitória. Durante a semana, a comunidade poderá participar de oficinas, debates e palestras sobre temas como justiça ambiental e direitos humanos.
CORTEJO
Horário: 14h
Trajeto: Vila Rubim – R. da Alegria – Av. Princesa Isabel – R. do Espírito Santo – R. da Prata – R. Sete de Setembro – Av. Jerônimo Monteiro – Av. Princesa Isabel – Sambão do Povo
PALCO
15h: Afrokizomba
16h: Chegada no Sambão do Povo – Fala de Deborah (Abertura do Sambão)
16h03: Varanda – DJ Vinni Tosta e Congo
16h33: Palco – Andrea Nery
17h13: Motumbaxé
17h43: Varanda – Quadrilha
18h: Palco – Mathilda
18h13: Varanda – DJ Rose e Apresentação de Deborah
18h17: Performance 01 – Mel
18h17: Performance 02 – Chica
18h48: Performance 03 – Angel
18h48: Performance 04 – Violeta Van Cartier
18h51: Performance 05 – Lara Lestrange
18h57: Olhar de Sedução
19h37: Gui Furler e Ouzadas do Quebra
19h47: Fala de Movimentos Secretarias
19h57: Varanda – Samantha Brocks
20h: DJ Lua
20h03: Performance 06 – Rose Guetto
20h06: Performance 07 – Sibelle
20h09: Performance 08 – Joany
20h12: Performance 10 – Serena Cigana
20h15: Performance 09 – Angela
20h20: CRJ Terra Vermelha (Dança do Ventre)
20h30: Palco – CRJ Novo Horizonte (Vogue) – Brisa + Visuais + Afront
21h15: Varanda – DJ Lua
21h15: Performance 11 – Daphne Zanelato
21h18: Performance 12 – Nilly Drag
21h21: Performance 13 – Kyanne Kiffer
21h24: Performance 14 – Flávia Ferraz
21h27: Performance 15 – Athena
21h30: Varanda – Vergg + Mallu + Vini Tosta
22h20: Palco – Novo Império – 10ª Fala (Encerramento)
SERVIÇO
Horário: Concentração a partir das 13h
12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória
Quando: domingo, 28 de julho
Onde: Concentração na Vila Rubim com destino ao Sambão do Povo