Por Eric Nobre e João Pedro Barbosa
A Parada LGBTQIA+ é muito mais do que uma simples festa. É uma celebração de identidade, amor e diversidade, mas também um ato político e de resistência. Ao longo das décadas, este evento se consolidou como um importante ato político para a comunidade, reunindo milhões de pessoas em diversas cidades para reivindicar direitos, visibilidade e respeito. E, neste final de semana, será a vez de Vitória celebrar este orgulho, através da realização da 12ª edição do evento.
A promoção de uma parada LGBT em qualquer cidade é, por si só, uma conquista. Cada evento representa a luta contínua por igualdade de direitos, incluindo o combate à discriminação no mercado de trabalho, o direito ao casamento igualitário, a adoção por casais do mesmo sexo, e o acesso a serviços de saúde sem preconceito, porém, nem sempre foi assim. É possível comparar com a cidade de Belo Horizonte, que neste mesmo final de semana terá sua 25ª edição do evento, em contraste com as apenas 12 realizadas em todo o estado do Espírito Santo.
A disparidade no número de edições das Paradas do Orgulho LGBT em Vitória e em outras capitais da região sudeste é um reflexo direto das diferentes trajetórias políticas e sociais das cidades. Em Belo Horizonte, a longa história do evento demonstra um ativismo bem estabelecido, que conseguiu não apenas manter a parada anual, mas também expandir seu impacto e significado ao longo dos anos. A cidade tem sido um exemplo de como a persistência e a organização podem levar a conquistas significativas para a população.
Por outro lado, Vitória ainda está construindo essa trajetória. A realização da 12ª edição mostra que a cidade está caminhando na direção certa, mas também destaca a necessidade de um fortalecimento contínuo do movimento LGBT.
A vereadora de Vitória, Karla Cozer, que atua ativamente nestas pautas, comentou sobre este atraso e a luta constante. “A gente entende que Vitória esteve atrasada nessa luta desse acesso aos direitos LGBT e é uma cidade que tem um perfil relativamente conservador, então enfrentou, por exemplo, desafios da comunidade, de uma parcela pequena, simbólica, mas às vezes um pouco barulhenta de realização do evento, mas a gente sabe como ele é importante. Toda marcha LGBT é fruto de uma luta política, a gente precisa deixar isso registrado”.
Ela ainda completou citando a importância de dar este espaço e essa voz para a população. “Por isso esse evento é tão importante, para mostrar que as pessoas LGBT existem na cidade de Vitória, no estado do Espírito Santo e elas são diversas. Elas são seus médicos, seus advogados, seus porteiros, seus padeiros, suas manicures, são pessoas que estão em todos os espaços, estão na Defensoria Pública, são juízes e advogados, então estão em todos os espaços e precisam ser reconhecidas”.
Estes avanços são representações do engajamento político, com as redes sociais desempenhando um papel crucial na organização e amplificação deste movimento. Através dessas plataformas, organizadores de eventos mobilizam participantes, divulgam informações e geram engajamento em torno das causas LGBT. Hashtags, campanhas virais e transmissões ao vivo tornam o evento acessível para pessoas ao redor do mundo, ampliando seu impacto.
Paulucho, membro da organização Gold – uma das responsáveis por organizar o evento – comentou sobre as dificuldades políticas de elaborar uma manifestação dessa magnitude, que não se restringe ao domingo, contando com uma semana de oficinas e seminários sobre cidadania e sobre a questão climática, que é um dos focos.
“Sobre a Parada, tivemos uma preocupação na organização, porque não é só no dia, temos a semana da cidadania que traz o tema da justiça climática. Já tivemos dificuldades com a prefeitura referente aos blocos no Carnaval, então tivemos essa recordação no processo de construção da parada, são vários festivais”.
A visibilidade proporcionada por estes eventos ajuda a sensibilizar a sociedade, educar sobre a diversidade de gênero e pressionar por mudanças legislativas que assegurem a proteção e o respeito. Em muitos países, as paradas serviram como catalisadores para importantes avanços legais e sociais. Na cidade de Vitória, espera-se que esta manifestação traga ainda mais apoio e engajamento para a causa, tanto de instituições quanto da sociedade civil e do poder público.