Por Ana Elise Camporês, Emilly Rocha, Renan de Oliveira e Sara Dias
Diversas pessoas marcharam com muita alegria e orgulho da Vila Rubim até o Sambão do Povo, na 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória, que aconteceu neste domingo (28). O evento, que teve como tema a “População LGBTQIA+ na luta pela justiça ambiental”, contou com variadas apresentações, homenagens, falas de movimentos sociais, shows e claro, muitas cores.
Com diferentes adereços, maquiagens poderosas e muita criatividade, as ruas da capital foram tomadas por diferentes looks cheios de referências e significados. Vamos conferir?
Depois de dedicar muito tempo para entregar um evento de sucesso para a população, foi hora de Maria José dos Santos, diretora da Associação Gold, arrasar na entrega do look.
A leonina de 53 anos investiu em um vestido básico, mas cheio de cor. Ela também não deixou os acessórios de fora.
“Eu me vesti em homenagem ao manifesto LGBTQIAP+ de Vitória, eu mesma criei meu look e só queria agradecer, como diretora da Gold, a todos, todas e todes que estão envolvidos nesse evento”, disse à reportagem do portal O Leque.
Ana Paula Rocha, professora de história e militante do movimento negro decidiu ressaltar a interseccionalidade na escolha do seu look. Usando tênis, pochete e uma saia preta, ela entregou tudo na aposta da camisa que estampa as cores da bandeira e o punho cerrado em referência à luta.
“A minha inspiração foi juntar uma perspectiva da interseccionalidade. De dizer que nossas corpas se juntam numa rebeldia contra o capitalismo que oprime mulheres negras, a comunidade LGBTQIA+, quem vive do trabalho e inclusive destrói o meio ambiente, seguindo a proposta que a Gold vem trazer este ano”, reforçou Rocha.
Quem também levou em consideração o tema proposto para a parada este ano na hora da escolha do look foi o multiartista e bailarino do grupo Afro Kizomba, Jadson Titanium.
“Esse look foi pensado pelo Bloco Afro Kizomba para falar sobre terra e dialoga muito com a temática da natureza proposta pela parada deste ano. E aí eu pensei em uma coisa afrofuturista, porque eu sou uma pessoa do meu tempo, então eu tenho que pensar longe”.
Para o artista, estar na parada é uma forma de manifestação da própria identidade, de celebrar quem se é. Além das referências à terra, ele comentou sobre a herança negra e destacou a importância de um detalhe do seu look: as guias, que representam a conexão com a religiosidade de matriz africana.
Outra pessoa que chegou arrasando no simbolismo presente no look foi a drag queen Radija, que uniu as cores da bandeira LGBT ao branco, que caracteriza a paz.
“A gente quer um pouquinho de paz no nosso mundo, na nossa sigla LGBTQIAPN+. Eu acho que é o que a gente precisa. Respeito é essencial, mas a gente busca paz pra viver em paz”.
Além da roupa, a drag queen se garantiu na maquiagem que, com contornos fortes e destaque nas cores, ajudou a compor o look. Ao ser perguntada sobre o significado do manifesto em termos de expressão pessoal e identidade, ela falou sobre aumento da visibilidade.
“A parada LGBTQIA+ de Vitória hoje representa pra mim um marco, porque antes a gente não conseguia ter esse movimento dentro da nossa sociedade, e hoje a gente consegue colocar um movimento na rua e ele não só fica parado no lugar, ele caminha, ou seja, a gente precisa caminhar cada vez mais para que esse movimento cresça e dê visibilidade pra gente”, afirmou.
Uma palavra que ficou evidente ao observar os “foliões” que caminharam rumo ao Sambão do Povo foi a ousadia. E isso não faltou para o cabeleireiro Anderson Correa Candido, que abusou das cores e das plumas e, claro, não deixou de fora o seu leque.
Já Carla Gonçalves, mulher trans que faz drag há três anos, optou por usar um lindo vestido azul claro com uma faixa rosa na cintura. Para compor o look, ela escolheu acessórios dourados e uma sandália branca. Cada cor escolhida por ela tem um significado na sua luta.
“O meu look foi totalmente inspirado na minha transexualidade, o branco, o azul e o rosa. Eu sou uma drag negra, trans, periférica, eu sou de Terra vermelha”, afirmou.