Ana Elise e Emilly Rocha – home https://oleque.com.br My WordPress Blog Mon, 29 Jul 2024 12:00:44 +0000 pt-PT hourly 1 Representatividade, paz e rebeldia: confira os looks da Parada LGBTQIA+ de Vitória https://oleque.com.br/2024/07/29/representatividade-paz-e-rebeldismo-confira-os-looks-da-parada-lgbtqiapn-de-vitoria/ https://oleque.com.br/2024/07/29/representatividade-paz-e-rebeldismo-confira-os-looks-da-parada-lgbtqiapn-de-vitoria/#respond Mon, 29 Jul 2024 02:38:58 +0000 https://oleque.com.br/?p=1117

Por Ana Elise Camporês, Emilly Rocha, Renan de Oliveira e Sara Dias

Diversas pessoas marcharam com muita alegria e orgulho da Vila Rubim até o Sambão do Povo, na 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória, que aconteceu neste domingo (28). O evento, que teve como tema a “População LGBTQIA+ na luta pela justiça ambiental”, contou com variadas apresentações, homenagens, falas de movimentos sociais, shows e claro, muitas cores. 

Com diferentes adereços, maquiagens poderosas e muita criatividade, as ruas da capital foram tomadas por diferentes looks cheios de referências e significados. Vamos conferir?

Foto: Sara Dias

Depois de dedicar muito tempo para entregar um evento de sucesso para a população, foi hora de Maria José dos Santos, diretora da Associação Gold, arrasar na entrega do look.

A leonina de 53 anos investiu em um vestido básico, mas cheio de cor. Ela também não deixou os acessórios de fora.

“Eu me vesti em homenagem ao manifesto LGBTQIAP+ de Vitória, eu mesma criei meu look e só queria agradecer, como diretora da Gold, a todos, todas e todes que estão envolvidos nesse evento”, disse à reportagem do portal O Leque.

Foto: Renan de Oliveira

Ana Paula Rocha, professora de história e militante do movimento negro decidiu ressaltar a interseccionalidade na escolha do seu look. Usando tênis, pochete e uma saia preta, ela entregou tudo na aposta da camisa que estampa as cores da bandeira e o punho cerrado em referência à luta.

“A minha inspiração foi juntar uma perspectiva da interseccionalidade. De dizer que nossas corpas se juntam numa rebeldia contra o capitalismo que oprime mulheres negras, a comunidade LGBTQIA+, quem vive do trabalho e inclusive destrói o meio ambiente, seguindo a proposta que a Gold vem trazer este ano”, reforçou Rocha.

Foto: Renan de Oliveira
Foto: Sara Dias

Quem também levou em consideração o tema proposto para a parada este ano na hora da escolha do look foi o multiartista e bailarino do grupo Afro Kizomba, Jadson Titanium. 

“Esse look foi pensado pelo Bloco Afro Kizomba para falar sobre terra e dialoga muito com a temática da natureza proposta pela parada deste ano. E aí eu pensei em uma coisa afrofuturista, porque eu sou uma pessoa do meu tempo, então eu tenho que pensar longe”.

Para o artista, estar na parada é uma forma de manifestação da própria identidade, de celebrar quem se é. Além das referências à terra, ele comentou sobre a herança negra e destacou a importância de um detalhe do seu look: as guias, que representam a conexão com a religiosidade de matriz africana.

Foto: Renan de Oliveira

Outra pessoa que chegou arrasando no simbolismo presente no look foi a drag queen Radija, que uniu as cores da bandeira LGBT ao branco, que caracteriza a paz.

“A gente quer um pouquinho de paz no nosso mundo, na nossa sigla LGBTQIAPN+. Eu acho que é o que a gente precisa. Respeito é essencial, mas a gente busca paz pra viver em paz”.

Além da roupa, a drag queen se garantiu na maquiagem que, com contornos fortes e destaque nas cores, ajudou a compor o look. Ao ser perguntada sobre o significado do manifesto em termos de expressão pessoal e identidade, ela falou sobre aumento da visibilidade.

“A parada LGBTQIA+ de Vitória hoje representa pra mim um marco, porque antes a gente não conseguia ter esse movimento dentro da nossa sociedade, e hoje a gente consegue colocar um movimento na rua e ele não só fica parado no lugar, ele caminha, ou seja, a gente precisa caminhar cada vez mais para que esse movimento cresça e dê visibilidade pra gente”, afirmou.

Foto: Sara Dias

Uma palavra que ficou evidente ao observar os “foliões” que caminharam rumo ao Sambão do Povo foi a ousadia. E isso não faltou para o cabeleireiro Anderson Correa Candido, que abusou das cores e das plumas e, claro, não deixou de fora o seu leque.

Foto: Sara Dias

Já Carla Gonçalves, mulher trans que faz drag há três anos, optou por usar um lindo vestido azul claro com uma faixa rosa na cintura. Para compor o look, ela escolheu acessórios dourados e uma sandália branca. Cada cor escolhida por ela tem um significado na sua luta

“O meu look foi totalmente inspirado na minha transexualidade, o branco, o azul e o rosa. Eu sou uma drag negra, trans, periférica, eu sou de Terra vermelha”, afirmou.

]]>
https://oleque.com.br/2024/07/29/representatividade-paz-e-rebeldismo-confira-os-looks-da-parada-lgbtqiapn-de-vitoria/feed/ 0
Respeito e amor nascem dentro de casa: conheça o grupo que reúne mães e pais de pessoas LGBT https://oleque.com.br/2024/07/25/respeito-e-amor-nascem-dentro-de-casa-conheca-o-grupo-que-reune-maes-e-pais-de-pessoas-lgbts/ https://oleque.com.br/2024/07/25/respeito-e-amor-nascem-dentro-de-casa-conheca-o-grupo-que-reune-maes-e-pais-de-pessoas-lgbts/#respond Thu, 25 Jul 2024 14:40:30 +0000 https://oleque.com.br/?p=44

Por Ana Elise Camporês e Emilly Rocha

Estar inserido em um ambiente familiar que proporcione liberdade e aconchego é o sonho de todas as pessoas da comunidade LGBT. No entanto, essa realidade não é a mais comum. A rejeição e a discriminação começam, com grande frequência, dentro do próprio lar. O desrespeito e a falta de apoio da família colocam pessoas da comunidade em situações de vulnerabilidade, seja pela carência de amor e aceitação, ou, em casos mais graves, pela expulsão do seio familiar e corte de vínculo.

Apesar do cenário ainda desanimador, existe uma parcela de mães e pais de pessoas LGBT que estão navegando por um caminho contrário: o do amor e respeito. Exemplo disso é a Associação Mães pela Diversidade. O coletivo, que nasceu em 2014 através da união de mães preocupadas com a violência e com o preconceito contra seus filhos e filhas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, hoje reúne mães e pais de crianças, adolescentes e adultos LGBTQIA +.

Apesar de ter surgido em São Paulo, a organização não governamental foi se expandindo pelo país e hoje tem atuação em todos os estados da federação. Como forma de horizontalização da gestão da associação, cada estado possui uma coordenadoria, ou seja, um ponto focal do coletivo na localidade. No Espírito Santo, esse papel é exercido pela professora de história aposentada Mônica Alves.

Desde que teve o primeiro contato e entrou no grupo, cerca de sete anos atrás, Mônica já assumiu o cargo de coordenadora. Ela lembra como conheceu o ‘Mães’:

“Meu filho, que é LGBT, há alguns anos atrás, acho que em 2017, me falou sobre um grupo no Facebook que era o Mães pela Diversidade. Eu entrei nesse grupo, comecei a ler as postagens e mandei uma mensagem dizendo que eu tinha interesse em participar. Quando eu conversei com a presidente ela logo me disse que o coletivo estava precisando de uma coordenadora no Espírito Santo e questionou se eu topava esse desafio e eu logo topei”, lembrou a professora.

Mônica Alves em audiência pública sobre os desafios das políticas públicas para a população LGBTQIA+ em 2023. Foto: Victor Thomé/Ales

Em conversa, a coordenadora repassou a trajetória de atuação do grupo no estado, desde o momento em que os encontros aconteciam aos sábados em uma escola de Vila Velha, passando pelo período de incertezas políticas em 2018, que as mães se sentiam intimidadas pelas falas discriminatórias do ex-presidente Jair Bolsonaro e por isso decidiram se reunir de forma mais reclusa, no prédio da casa de Mônica. Logo após, o Governo do Estado cedeu a Casa dos Direitos para a realização de reuniões e eventos.

“Acolher pais e mães de pessoas LGBTS que possam não compreender a orientação sexual e a identidade de gênero de seus filhos, filhas e filhes.” Foi assim que a coordenadora Mônica definiu o principal objetivo do coletivo. “Nossa primeira tarefa é explicar pra eles esses termos, através do acolhimento. Alguns pais chegam muito perdidos e sem saber o que fazer, principalmente os pais de pessoas trans”, acrescentou.

Esse não é o caso de Eliane Modenesi. A aposentada é mãe do estudante José Luís Modenesi. José, homem trans de 22 anos, afirma que as conversas com a mãe acerca da sua sexualidade e identidade de gênero, desde o princípio, sempre foram muito tranquilas.

“Minha mãe sempre tratou isso como uma coisa normal, era como se eu estivesse apenas contando uma boa nova da minha vida pra ela. Ela tem zero questões em relação ao tema, não teve dificuldade para entender e trata como um movimento super natural, da natureza humana mesmo”.

Sempre uma grande apoiadora do filho, Eliane não pensou duas vezes antes de aceitar o convite de José para participar de um encontro promovido pelo coletivo em 2023. “Eu já seguia e acompanhava o ‘Mães pela Diversidade’ pelo Instagram. Depois de um tempo meu filho me convidou para ir a um encontro e depois disso eu passei a participar do grupo aqui no estado. Estou sempre atenta às oportunidades de participar de eventos promovidos”, afirmou.

Para ela, seria muito importante se todas as mães de pessoas da comunidade LGBT pudessem ter acesso ao coletivo, já que são nesses momentos que uma mãe apoia e aconselha a outra. “Esse encontro é um local onde você vai trocar experiências, vai falar de amor, vai falar de respeito, vai inspirar. Uma mãe vai inspirar a outra, né? Cada uma com a sua história, cada uma com a sua luta, com a sua batalha. E essa troca de experiência, ela é encorajadora. Ela faz com que você se sinta mais livre para estar lutando pela dignidade, por amor, por respeito para os seus filhos.”

Eliane Modenesi e seu filho José Luís em um encontro do coletivo Foto: arquivo pessoal

MÃES UNIDAS NA CELEBRAÇÃO DA DIVERSIDADE

Uma das formas de endossar a luta pelos direitos LGBT e celebrar a diversidade é por meio da promoção de eventos que reúnam esse público e os apoiadores da causa para dar amplitude à batalha e celebrar o orgulho. Exemplo disso são as famosas paradas LGBT, que acontecem ao redor de todo mundo e têm como foco central a exaltação do amor.

E a Grande Vitória não fica de fora. Este ano, pela 12ª vez, a Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold) irá realizar a Parada LGBTQIAPN+ de Vitória. Na edição de 2024, a parada traz como tema a luta pela justiça ambiental. Nas redes sociais, a Associação Gold relatou que a escolha do tema é “sobre garantir que todas as pessoas, independentemente de sua identidade, tenham acesso igualitário a um meio ambiente saudável”. 

A parada irá acontecer no próximo domingo (28) e tem previsão de iniciar com concentração no bairro Vila Rubim e seguir até o Sambão do Povo, onde se apresentarão diversas atrações. Cumprindo seu propósito de luta, as mães que participam do grupo ‘Mães pela Diversidade” no estado estarão presentes na parada para reforçar a luta dos filhos, filhas e filhes.

Mas essa não é a primeira vez. De acordo com a coordenadora Mônica Alves, no ano passado, o coletivo foi responsável por abrir a manifestação. Além disso, as mães do grupo também costumam marcar presença em paradas de outros municípios do estado. “O ‘Mães’ sempre participa. A gente vai em outras também. Já participamos em Anchieta, já participamos em Vila Velha, fomos a Marataízes… A gente, sempre que pode, vai”.

E essa já é uma cena comum em todos os estados que realizam paradas de orgulho LGBTQIAPN+. Confira o vídeo abaixo!

No último mês de junho, vestidas de verde e amarelo, as mães do coletivo ampliaram um grito em São Paulo, “verás que a tua mãe não foge à luta” como forma de reforçar a luta para que o preconceito e a violência contra seus filhos seja cada vez menor. É isso que Eliane Modenesi irá fazer. A aposentada, que reside no município de João Neiva, irá viajar até Vitória para participar do evento junto com o filho.

“Fico realizada em poder participar desse momento e em mostrar que a luta para acabar com o preconceito tem que ser constante. Fazer isso ao lado do meu filho é a representação de que o amor sempre deve estar em primeiro lugar nas nossas vidas”, afirmou Modenesi, que ainda contou que irá no evento usando a camiseta do grupo junto com o filho.

Camisa que Eliane Modenesi usará na 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória | Arquivo pessoal

Para José, estar no ato junto com a mãe significa concretizar um apoio. “Embora eu já tenha entendido e vivido esse apoio desde o começo, na parada nós estaremos juntos lá caminhando com o ‘Mães pela diversidade’ e é basicamente mostrar para as outras pessoas, olha que legal minha mãe aqui comigo. Tenho certeza que vai ser uma experiência muito marcante”, disse.

Ele reforça a importância desse apoio na batalha contra a LGBTfobia, para todas as pessoas que fazem parte da sigla, mas principalmente para pessoas trans. “Quando a minha mãe, geradora da minha vida, que é a pessoa mais importante na minha existência, se coloca como a minha principal apoiadora diante de todo mundo, sem titubear, as outras pessoas se sentem acanhadas pelo tamanho desse suporte e entendem que não têm o direito de serem preconceituosas”, observou. 

]]>
https://oleque.com.br/2024/07/25/respeito-e-amor-nascem-dentro-de-casa-conheca-o-grupo-que-reune-maes-e-pais-de-pessoas-lgbts/feed/ 0