Cauê Almeida e Paulo Victor Ribeiro – home https://oleque.com.br My WordPress Blog Mon, 29 Jul 2024 15:28:33 +0000 pt-PT hourly 1 A presença madura na Parada LGBTQIA+ de Vitória: histórias de luta e conquista https://oleque.com.br/2024/07/29/a-presenca-madura-na-parada-lgbtqia-de-vitoria-historias-de-luta-e-conquista/ https://oleque.com.br/2024/07/29/a-presenca-madura-na-parada-lgbtqia-de-vitoria-historias-de-luta-e-conquista/#respond Mon, 29 Jul 2024 12:38:02 +0000 https://oleque.com.br/?p=1328

Por Cauê de Almeida, Cícero Lima, Paulo Victor Ribeiro e Thálita Sampaio

Na 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória, a diversidade marcou presença não apenas nas cores e nos sorrisos contagiantes, mas também nas histórias de vida. Entre os leques e as roupas vibrantes, um grupo especial de participantes chamou atenção: pessoas acima dos 50 anos, que trouxeram consigo um brilho único e uma bagagem com muita história pra contar.

Enquanto os participantes mais jovens se espalhavam avenida à frente celebrando, esses veteranos do ativismo LGBTQIA+ mostraram que os criadores desse caminho foram eles — e que a luta por direitos e visibilidade avançou muito nas últimas décadas. Com histórias que vão desde as primeiras Paradas do estado até participações ativas em organizações ativistas, Marina, Victor, Carlos e Chica compartilharam suas perspectivas com a equipe do O Leque, mostrando que as muitas experiências são o que fazem do movimento LGBTQIA+ algo tão rico e potente. 

“Precisamos garantir que a mensagem principal, de direitos e igualdade, não se perca no meio da festa”. Carlos Holtz, arquiteto de 54 anos, é um veterano da Parada LGBTQIA+ no Espírito Santo, tendo participado seis vezes. Ele trouxe uma visão crítica, destacando tanto os acertos quanto os pontos que ainda precisam de melhorias. 

“Eu adoro a organização do evento, mas sinto que ainda falta uma representatividade mais genuína. Muitas pessoas vêm aqui como se fosse apenas uma festa, sem entender a profundidade do que significa estar neste espaço,” comentou Carlos. Ele acredita que, embora a visibilidade tenha crescido, ainda há uma falta de compreensão sobre o verdadeiro propósito do evento.

O arquiteto também opinou sobre a importância de sair do “gueto” e alcançar uma visibilidade mais ampla. Segundo ele, “o Sambão do Povo é um local ótimo, mas ainda restrito. Precisamos de mais divulgação para que a sociedade em geral entenda a importância da Parada,” sugeriu.

Carlos Holtz (direita) com seus amigos na Parada LGBTQIA+ de Vitória Créditos: Cícero Lima / 0 'Leque

Para ele, a educação e a conscientização são chaves para que eventos como esse transcendam a mera celebração e se tornem verdadeiros marcos de transformação social. “Ver tantas pessoas aqui é maravilhoso, mas precisamos garantir que a mensagem principal, de direitos e igualdade, não se perca no meio da festa,” concluiu.

Victor De Wolf, presidente da ABGLT, ao lado de Marina Reidel, coordenadora LGBTQIA+ do Fundo Positivo Créditos: Cícero Lima / O Leque

“Uma Parada que termina no sambódromo e é excepcional, um local popular de festa e luta e também da comunidade LGBT”. 

Visitando Vitória pela primeira vez, Marina Reidel, 53, fez questão de comparecer à Parada. Convidada pra palestrar no 1º Seminário Nacional de Transfobia Ambiental – realizado na última semana pelos mesmos organizadores da Parada, a Associação GOLD -, a coordenadora LGBTQIA+ do Fundo Positivo trouxe uma perspectiva nova e engajada. 

Natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Marina veio pra participar da parada e pra representar o Fundo Positivo. “O Fundo Positivo é uma instituição independente que apoia eventos da sociedade civil. Recentemente, apoiamos o primeiro seminário sobre transfobia ambiental, que ocorreu esta semana. Tem tudo a ver com a parada hoje, que também busca a conscientização sobre questões ambientais e a representatividade dos nossos corpos nesses espaços”, explicou.

O Fundo Positivo é uma organização brasileira dedicada a apoiar projetos focados na saúde e direitos sociais, iniciada em 2014 com ênfase em HIV/AIDS. Mobiliza recursos de diversas fontes pra financiar organizações em todo o país através de editais públicos. Com reconhecimento nacional, já apoiou mais de 200 organizações em áreas como saúde pública, direitos LGBTQIA+, inclusão social, entre outros.

A participação da organização destaca a importância de abordar temas complexos e interseccionais em eventos LGBTQIA+, ampliando o entendimento e a conscientização sobre a diversidade de questões que afetam a comunidade.

Victor De Wolf, 42, também fez sua estreia na Parada de Vitória. Como presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), organização que é uma das principais vozes nacionais de ativismo pela comunidade, a sua presença, junto com a de Marina, reforça a imagem do evento como um marco no ativismo e militância contra à LGBTfobia no cenário nacional.

“É a minha primeira vez na parada aqui em Vitória e estou adorando. Fui ao seminário e participei das discussões. Represento a ABGLT, e foi muito importante debater temas como o sistema prisional e transexualidade, questões ambientais e transexualidade indígena. São tópicos que precisam ser discutidos”, afirmou Victor.

Ele destacou o impacto positivo do evento. “A parada terminando no sambódromo é excepcional. Nós fizemos o trajeto por um local super popular da cidade. É importante ter essa visibilidade e lutar pela comunidade LGBT desde o início do evento”, observou Vitor.

As drag queens Chris Esteticah, Chica Chiclete, Claudia Voltz na 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória Foto: Cícero Lima / O Leque

“Agora é o momento dos mais jovens, como Deborah Sabará, Diego Herzog e Maria José dos Santos, que têm feito um trabalho incrível”.

Chica Chiclete, com seus 56 anos, é uma figura precursora no ativismo LGBTQIA+ capixaba. Sua jornada começou nos anos 90, quando o termo Parada ainda engatinhava no vocabulário popular. “Eu lembro da primeira Parada Gay de Vitória, que eram cinco pessoas atrás de um trio elétrico. Ver como tudo cresceu é emocionante,” contou Chica, uma testemunha viva da evolução do movimento e da expansão da visibilidade LGBTQIA+.

Mas mesmo com uma história de militância extensa, Chica acredita que é hora de passar o bastão para a nova geração. “Agora é o momento dos mais jovens, como Deborah Sabará, Diego Herzog e Maria José dos Santos, que têm feito um trabalho incrível pela GOLD. Eles trazem uma nova energia e visão para o movimento,” destacou. Chica também elogiou a organização do evento, especialmente a segurança. “Nunca vi algo tão bem feito. A equipe de segurança foi excelente, garantindo que todos se sentissem seguros e acolhidos,” elogiou, ressaltando a importância de um ambiente seguro para a expressão e celebração da diversidade.

Para Chica, cada desafio enfrentado ao longo dos anos foi uma oportunidade de aprendizado e crescimento. “A luta é contínua, e cada vitória deve ser celebrada. A nova geração deve aproveitar as oportunidades que surgem e continuar a luta com paixão,” incentivou. Ela permanece uma fonte de inspiração, demonstrando que a militância é uma jornada de vida, onde cada passo é um avanço para toda a comunidade.

Expectativa era de 10 mil pessoas comparecendo na Parada Créditos: Associação GOLD / Reprodução

Se engana quem pensa que a Parada é só para os mais jovens. A presença de figuras como Marina, Victor, Carlos e Chica na Parada LGBTQIA+ de Vitória serve como um testemunho poderoso da diversidade e da força dessa comunidade. São perspectivas únicas, e que compartilham o mesmo ideal de que eventos como a Parada são fundamentais para o avanço dos direitos LGBTQIA+. Uma geração mais velha, mas que abriu portas e pavimentou o caminho para os que agora trilham a voz ativa da militância, com responsabilidade de continuar a luta com vigor e criatividade.

A presença dos veteranos é um lembrete de que a luta continua, e que cada conquista de hoje é fruto de anos de resistência e coragem. A jornada de visibilidade e igualdade ainda é longa, mas com a determinação e o apoio de todos, cada parada é um passo a mais em direção a um mundo mais justo e amoroso. 

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Da primeira ao presente: o que acharam os veteranos e os novatos da Parada LGBTQIA+ de Vitória? https://oleque.com.br/2024/07/29/da-primeira-ao-presente-o-que-acharam-os-veteranos-e-os-novatos-da-parada-lgbtqia-de-vitoria/ https://oleque.com.br/2024/07/29/da-primeira-ao-presente-o-que-acharam-os-veteranos-e-os-novatos-da-parada-lgbtqia-de-vitoria/#respond Mon, 29 Jul 2024 03:54:09 +0000 https://oleque.com.br/?p=1178

Por Cauê de Almeida, Cícero Lima, Paulo Victor Ribeiro e Thálita Sampaio

Ao longo dos anos desde sua primeira edição, a Parada LGBTQIA+ de Vitória conseguiu construir, com muita luta e reivindicação, um espaço de alegria, cor e diversidade. Durante este domingo, 28 de julho, a 12ª edição do evento teve tudo para se consolidar como a maior de sua história: foram mais de oito horas de programação, em cima de uma expectativa de receber em torno de 10 mil pessoas.

E andando pelas avenidas do Sambão do Povo estavam milhares de histórias, algumas inéditas e outras nem tanto. Em cobertura de vídeo exclusiva do evento, a equipe do O Leque buscou a opinião de participantes da Parada, num domingo de festa e luta da população LGBTQIA+ pela justiça ambiental.

Maria Eduarda, 22, participou da Parada pela primeira vez | Foto: Thálita Sampaio

“Achei um evento super representativo, e é muito interessante ter esse movimento no estado para as pessoas que se identificam”

A 12ª edição da Parada LGBTQIA+ de Vitória teve inúmeros participantes novatos, espalhando alegria e sorrisos contagiantes pela primeira vez em um evento do tipo. Foi o caso das estreantes Maria Eduarda e Juliana, que refletiram sobre a importância do evento no ES.

Gabriela Colodette, 34, não poupou elogios para a 12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória | Foto: Cícero Lima

Em um clima de bastante emoção e celebração, Gabriela Colodette, Miss Brasil Trans Universo, expressou sua satisfação com a organização deste ano.

“Foi uma das melhores organizações para mim.
Eu acompanho todas as edições, já que sou daqui de Vitória, e esse ano o evento quebrou várias barreiras. Desde a presença na revista até a segurança e a escolha do local. Tudo está muito maravilhoso, e estamos bem protegidos aqui dentro”.

Porém, a Parada ganha outra interpretação sob os olhos de quem já participou antes. Quando o assunto são veteranos, não existe representação melhor do que Chica Chiclete, considerada uma das primeiras drag queens do estado e ativista, que participou da primeira edição do evento no Espírito Santo. Na época, o evento ainda recebia o nome de Parada Gay, em 1995, e existia num contexto de menos conquistas e maior repressão.

Chica Chiclete (meio), 56, está há mais de três décadas atuando no ativismo LGBTQIA+ | Foto: Cícero Lima

“Eu fui um dos primeiros militantes da causa gay no Espírito Santo, abrimos muita porta para muita gente. Se existe essa liberdade hoje, é porque lá atrás eu e muitos amigos batalhamos. Em 1995, na primeira Parada Gay, saímos cinco pessoas atrás de um trio elétrico, de Jardim Camburi até a Assembleia Legislativa”

Esse cruzamento de histórias representa, dentre tantas coisas, o impacto que o ativismo pela causa LGBTQIA+ teve ao longo do tempo. Cada participante, do veterano ao estreante, carrega consigo uma parte dessa história, contribuindo para a construção de um futuro mais inclusivo e respeitoso.

Olhando para o futuro, a Parada LGBTQIA+ de Vitória promete continuar sendo um espaço de celebração e luta, onde todas as gerações têm lugar para compartilhar suas histórias e experiências, construindo mais um capítulo em uma longa jornada de resistência e esperança.

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Associação GOLD promoveu semana de seminários inéditos sobre o combate à Transfobia Ambiental https://oleque.com.br/2024/07/25/associacao-gold-promove-semana-de-seminarios-inedita-no-combate-a-transfobia-ambiental/ https://oleque.com.br/2024/07/25/associacao-gold-promove-semana-de-seminarios-inedita-no-combate-a-transfobia-ambiental/#respond Thu, 25 Jul 2024 14:35:25 +0000 https://oleque.com.br/?p=80

Por Cauê de Almeida e Paulo Victor Ribeiro

As celebrações do Orgulho LGBT podem já ter passado, mas as atividades não param durante o mês de julho. Com apoio do Ministério dos Direitos Humanos e do Fundo Positivo, organização sem fins lucrativos, a Associação GOLD promoverá, durante os dias 25 a 28 de julho, o 1º Seminário Nacional de Transfobia Ambiental. O evento faz parte da 6ª Semana de Cidadania LGBTQIA+, que antecede a Parada LGBT a cada ano. A instituição lidera a organização dos dois eventos, e conta com a parceria de iniciativas como a ANTRA, ABGLT, IBRAT, FONATRANS e REBRACA.

O projeto, que ocorrerá na Casa Verde, no centro de Vitória, visa refletir sobre as vivências, políticas e pesquisas que analisam a transfobia ambiental, propondo o debate entre a população LGBTQIA+ e lideranças e autoridades políticas, para proporcionar visibilidade sobre os direitos dessa comunidade. O seminário abordará temas como políticas públicas e a situação de grupos marginalizados, incluindo povos indígenas e a população em situação de rua.

A 6ª Semana de Cidadania LGBTQIA+ conta com a realização de diversos projetos, desde oficinas e atrações musicais até o Seminário em si. A programação oferece uma série de eventos pela cidade de Vitória, com o objetivo de promover a reflexão sobre direitos humanos e meio ambiente num geral, destacando a diversidade das comunidades LGBT+, preta, indígena, periférica e ativistas em uma programação diversa e consciente. As inscrições podem ser feitas através do perfil do Instagram da associação.

Além do seminário e das programações da semana, o destaque do mês certamente será a 12ª Parada do Orgulho LGBTQIA+, com data marcada para o dia 28 de julho. O evento, que não ocorreu em Vitória em 2023, promete ser a maior celebração e reivindicação de direitos da comunidade no estado, com a expectativa de receber mais de 10 mil pessoas. A concentração para a Parada começará no Mercado da Vila Rubim, no centro de Vitória, às 13h, e culminará no Sambão do Povo.

Déborah Sabará, uma das gestoras da associação, em entrevista ao Século Diário, ressaltou a importância da Parada não apenas como um evento festivo, mas como um espaço vital de resistência e visibilidade para a comunidade LGBTQIA+. 

“A Parada é uma oportunidade para reafirmar nossos direitos e nossa existência em um ambiente que ainda é, muitas vezes, hostil. É uma celebração de nossa diversidade e uma manifestação contra todas as formas de discriminação,” afirma Sabará.

Com o tema “População LGBTQIA+ na luta pela justiça ambiental”, a Parada busca trazer a discussão para esse tema, afirmando que todas as pessoas, independentemente de sua identidade, tenham acesso igualitário a um meio ambiente saudável”.

Fundada em Colatina em 2005, a Associação GOLD transferiu-se para Vitória em 2014, sob nova gestão de Déborah Sabará e Diego Herzog e, posteriormente, Maria José dos Santos. Ao longo dos anos, a organização tem realizado diversos projetos de promoção dos direitos humanos que vão além da comunidade LGBTQIA+. Em 2024, celebram 19 anos de história, com festa marcada na 12ª Parada LGBT de Vitória.

Para a realização de diversas atividades, a Associação GOLD desempenha um papel de destaque na promoção da inclusão e da defesa dos direitos humanos, e atua como uma das principais vozes da comunidade LGBTQIA+ no Espírito Santo.

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