Debate – home https://oleque.com.br My WordPress Blog Thu, 08 Aug 2024 09:55:43 +0000 pt-PT hourly 1 Por que a Parada LGBTQIA+ ainda não é um patrimônio cultural? Confira https://oleque.com.br/2024/07/25/por-que-a-parada-lgbtqiap-ainda-nao-e-um-patrimonio-cultural-confira/ https://oleque.com.br/2024/07/25/por-que-a-parada-lgbtqiap-ainda-nao-e-um-patrimonio-cultural-confira/#respond Thu, 25 Jul 2024 14:36:54 +0000 https://oleque.com.br/?p=113

Por Eduarda Lisboa e Jadson Renan

“A Parada LGBTQIA+ movimenta a cultura no estado e, principalmente, abre espaço para muitos artistas serem vistos. Abre espaço para outras pessoas conhecerem e quem sabe começarmos a trabalhar com cachês dignos. Mesmo assim, muita coisa precisa ainda ser feito, para a comunidade ter reconhecimento e respeito, até mesmo porque sabemos que nenhuma política é eterna e as coisas mudam e estamos vendo os retrocessos acontecendo”, contou a DJ Lua Alice.

A DJ, que irá performar na Parada LGBTQIA+ do Espírito Santo, ainda observa que mesmo o evento sendo um espaço relevante para mostrar a qualidade e a importância de artistas diversos para a construção de um mundo melhor, o preconceito ainda impede que o evento possa ser vista como uma manifestação cultural brasileira e capixaba.

“O Espírito Santo ainda é um estado extremamente conservador onde as pessoas se acham no direito de manifestar LGBTfobia abertamente. Esse preconceito me atravessa o tempo inteiro como pessoa e como artista. Os cachês, sempre serão menores e preciso ser 30 vezes melhor que qualquer um e ainda, sim, não sou boa o suficiente. São muitas camadas onde eu preciso pisar em ovos e muitas das vezes enfrentar transfobias camufladas”, afirma. 

Horário: 14h
Trajeto: Vila Rubim – R. da Alegria – Av. Princesa Isabel – R. do Espírito Santo – R. da Prata – R. Sete de Setembro – Av. Jerônimo Monteiro – Av. Princesa Isabel – Sambão do Povo

PALCO

15h: Afrokizomba

16h: Chegada no Sambão do Povo – Fala de Deborah (Abertura do Sambão)

16h03: Varanda – DJ Vinni Tosta e Congo

16h33: Palco – Andrea Nery

17h13: Motumbaxé

17h43: Varanda – Quadrilha

18h: Palco – Mathilda

18h13: Varanda – DJ Rose e Apresentação de Deborah

18h17: Performance 01 – Mel

18h17: Performance 02 – Chica

18h48: Performance 03 – Angel

18h48: Performance 04 – Violeta Van Cartier

18h51: Performance 05 – Lara Lestrange

18h57: Olhar de Sedução

19h37: Gui Furler e Ouzadas do Quebra

19h47: Fala de Movimentos Secretarias

19h57: Varanda – Samantha Brocks

20h: DJ Lua

20h03: Performance 06 – Rose Guetto

20h06: Performance 07 – Sibelle

20h09: Performance 08 – Joany

20h12: Performance 10 – Serena Cigana

20h15: Performance 09 – Angela

20h20: CRJ Terra Vermelha (Dança do Ventre)

20h30: Palco – CRJ Novo Horizonte (Vogue) – Brisa + Visuais + Afront

21h15: Varanda – DJ Lua

21h15: Performance 11 – Daphne Zanelato

21h18: Performance 12 – Nilly Drag

21h21: Performance 13 – Kyanne Kiffer

21h24: Performance 14 – Flávia Ferraz

21h27: Performance 15 – Athena

21h30: Varanda – Vergg + Mallu + Vini Tosta

22h20: Palco – Novo Império – 10ª Fala (Encerramento)

SERVIÇO

12ª Parada LGBTQIA+ de Vitória

Quando: domingo, 28 de julho

Onde: Concentração na Vila Rubim com destino ao Sambão do Povo

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Associação GOLD promoveu semana de seminários inéditos sobre o combate à Transfobia Ambiental https://oleque.com.br/2024/07/25/associacao-gold-promove-semana-de-seminarios-inedita-no-combate-a-transfobia-ambiental/ https://oleque.com.br/2024/07/25/associacao-gold-promove-semana-de-seminarios-inedita-no-combate-a-transfobia-ambiental/#respond Thu, 25 Jul 2024 14:35:25 +0000 https://oleque.com.br/?p=80

Por Cauê de Almeida e Paulo Victor Ribeiro

As celebrações do Orgulho LGBT podem já ter passado, mas as atividades não param durante o mês de julho. Com apoio do Ministério dos Direitos Humanos e do Fundo Positivo, organização sem fins lucrativos, a Associação GOLD promoverá, durante os dias 25 a 28 de julho, o 1º Seminário Nacional de Transfobia Ambiental. O evento faz parte da 6ª Semana de Cidadania LGBTQIA+, que antecede a Parada LGBT a cada ano. A instituição lidera a organização dos dois eventos, e conta com a parceria de iniciativas como a ANTRA, ABGLT, IBRAT, FONATRANS e REBRACA.

O projeto, que ocorrerá na Casa Verde, no centro de Vitória, visa refletir sobre as vivências, políticas e pesquisas que analisam a transfobia ambiental, propondo o debate entre a população LGBTQIA+ e lideranças e autoridades políticas, para proporcionar visibilidade sobre os direitos dessa comunidade. O seminário abordará temas como políticas públicas e a situação de grupos marginalizados, incluindo povos indígenas e a população em situação de rua.

A 6ª Semana de Cidadania LGBTQIA+ conta com a realização de diversos projetos, desde oficinas e atrações musicais até o Seminário em si. A programação oferece uma série de eventos pela cidade de Vitória, com o objetivo de promover a reflexão sobre direitos humanos e meio ambiente num geral, destacando a diversidade das comunidades LGBT+, preta, indígena, periférica e ativistas em uma programação diversa e consciente. As inscrições podem ser feitas através do perfil do Instagram da associação.

Além do seminário e das programações da semana, o destaque do mês certamente será a 12ª Parada do Orgulho LGBTQIA+, com data marcada para o dia 28 de julho. O evento, que não ocorreu em Vitória em 2023, promete ser a maior celebração e reivindicação de direitos da comunidade no estado, com a expectativa de receber mais de 10 mil pessoas. A concentração para a Parada começará no Mercado da Vila Rubim, no centro de Vitória, às 13h, e culminará no Sambão do Povo.

Déborah Sabará, uma das gestoras da associação, em entrevista ao Século Diário, ressaltou a importância da Parada não apenas como um evento festivo, mas como um espaço vital de resistência e visibilidade para a comunidade LGBTQIA+. 

“A Parada é uma oportunidade para reafirmar nossos direitos e nossa existência em um ambiente que ainda é, muitas vezes, hostil. É uma celebração de nossa diversidade e uma manifestação contra todas as formas de discriminação,” afirma Sabará.

Com o tema “População LGBTQIA+ na luta pela justiça ambiental”, a Parada busca trazer a discussão para esse tema, afirmando que todas as pessoas, independentemente de sua identidade, tenham acesso igualitário a um meio ambiente saudável”.

Fundada em Colatina em 2005, a Associação GOLD transferiu-se para Vitória em 2014, sob nova gestão de Déborah Sabará e Diego Herzog e, posteriormente, Maria José dos Santos. Ao longo dos anos, a organização tem realizado diversos projetos de promoção dos direitos humanos que vão além da comunidade LGBTQIA+. Em 2024, celebram 19 anos de história, com festa marcada na 12ª Parada LGBT de Vitória.

Para a realização de diversas atividades, a Associação GOLD desempenha um papel de destaque na promoção da inclusão e da defesa dos direitos humanos, e atua como uma das principais vozes da comunidade LGBTQIA+ no Espírito Santo.

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Oficina de maquiagem destaca representatividade e empoderamento da comunidade LGBTQIAPN+ https://oleque.com.br/2024/07/25/oficina-de-maquiagem-destaca-representatividade-e-empoderamento-da-comunidade-lgbtqiapn/ https://oleque.com.br/2024/07/25/oficina-de-maquiagem-destaca-representatividade-e-empoderamento-da-comunidade-lgbtqiapn/#respond Thu, 25 Jul 2024 13:23:45 +0000 https://oleque.com.br/?p=46

Por Amanda Kfuri e Felipe Dutra

Com a proximidade da 12ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIA+, que ocorre no próximo domingo, dia 28 de julho, os amantes de maquiagem tiveram uma oportunidade de aprender técnicas inéditas para brilhar no ato, na oficina ‘Maquiagem para a XII Parada LGBTQIAPN+’. O workshop aconteceu no último sábado (20), no espaço HUB ES +, no Centro de Vitória.

Durante o curso, os participantes aprenderam o passo a passo da maquiagem de forma detalhada, desde a preparação até a finalização. Na oportunidade, também foram incentivados a explorar a sua criatividade e adaptar as técnicas ensinadas para que elas refletissem a sua própria identidade, destacando a maquiagem como uma forma de empoderamento e representatividade. Assim, os integrantes puderam criar composições únicas,  onde cada um pôde dar vida à sua própria obra de arte.

O instrutor da oficina, Caic Goulart, referência na cena drag capixaba, descreveu a importância da arte e da maquiagem para promover o bem-estar e a autoconfiança da comunidade LGBTQIAPN+.

“A maquiagem é uma forma das pessoas se expressarem e com isso trazer à tona a nossa realidade, o que a gente quer exaltar, transformar e mostrar. Ela dá pra usar de várias formas e eu acredito que é sempre para algo melhor, e a auto expressão e o empoderamento vêm junto com isso”.

Caic dá vida à Drag queen Brisa Reprodução/Instagram (@brisadissima)

Goulart contou que desenvolveu o seu estilo de maquiagem aprimorando técnicas artísticas adaptadas à realidade da pele e dos produtos brasileiros e, em 2016, deu vida à drag queen Brisa. “Para quem se interessa pela maquiagem drag, eu indico buscar referências nas suas cidades. O principal também é ter o seu material, dentro das suas condições e conhecer o seu rosto, o que funciona melhor para você e explorar o vasto universo da maquiagem”, complementou.

Um dos participantes da oficina, João Paulo da Silva, afirmou que a promoção desse cursos é fundamental para a comunidade. “Desde sempre, vivemos com muitas limitações no nosso dia a dia. Podermos estar em uma oficina, nos maquiando, tendo liberdade, sem sermos recriminados e atacados. É muito significativo e é algo que se tornou um direito nosso”, disse. 

Não é só estética, é inclusão

Para Deborah Sabará, coordenadora de Ações e Projetos da Associação Grupo, Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), a maquiagem, moda e beleza não são apenas ferramentas estéticas, mas formas poderosas de comunicação e inclusão. “Quando saímos de casa, pegamos uma condução e marchamos pensando na importância de estarmos participando de um ato de resistência para dizer que existimos, sentimos orgulho. É poder usar a nossa bandeira, leques, roupas coloridas, nossas maquiagens sem medo da discriminação. A parada nos dá liberdade”, pontuou. 

A oficina de maquiagem para a Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ não só preparou os participantes para brilharem no evento, mas também reforçou a importância de promover a inclusão e a diversidade. O workshop, que homenageia e defende a luta por igualdade da comunidade, faz parte da Semana de Cidadania LGBTQIAPN+, que oferece uma série de eventos e atividades pelo município de Vitória, promovendo uma reflexão sobre os direitos humanos da comunidade, de pessoas pretas, indígenas e periféricas. 

Clique aqui e acesse a programação, que conta com música, arte, cinema, moda, gastronomia, esporte e muito mais!

No último sábado (20), ocorreu a oficina ‘Maquiagem para a Parada XII LGBTQIAPN+’, no espaço HUB ES+, no Centro de Vitória. Juntos, os participantes aprenderam técnicas diferenciadas de maquiagem para arrasar na 12° edição do ato, que será no próximo domingo (28). Sob a orientação de Caic Goulart, mais conhecido como drag queen Brisa, os amantes de maquiagem puderam dar vida à sua criatividade nas makes, com muito empoderamento e representatividade.

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Evento no Hub ES+ destaca: espaços culturais são essenciais para a arte LGBTQIAPN+ https://oleque.com.br/2024/07/24/evento-no-hub-es-destaca-espacos-culturais-sao-essenciais-para-a-arte-lgbtqiapn/ https://oleque.com.br/2024/07/24/evento-no-hub-es-destaca-espacos-culturais-sao-essenciais-para-a-arte-lgbtqiapn/#respond Wed, 24 Jul 2024 14:38:40 +0000 https://oleque.com.br/?p=104

Por Isabella Miliao

PV Barbosa no evento Mesa Criativa

“Na Novo Império, tive a oportunidade de ser acolhido e valorizado como artista, independentemente da minha orientação sexual e identidade de gênero. Isso me deu muita confiança para me expressar sem medo, mostrando que a diversidade é um valor importante no universo cultural.”  

Na oportunidade, Bruna Medeiros, mulher lésbica, sambista e musicista do Grupo Olhar de Sedução e atuante do carnaval capixaba, contou sobre como foi necessário romper as barreiras dentro do universo do samba há 20 anos para ocupar espaços como musicista dentro do samba, tocando instrumentos de corda, que muitas vezes são majoritariamente masculinos.

“Quando eu comecei a frequentar rodas de samba, fui me interessando mais por saber sobre o lado feminino, do samba feminino, grupos de pagode onde eu via mulheres tocando e sentia essa curiosidade de estar junto, ou até elas me viam e se aproximavam, para se libertar desse mundo tão masculino que são as rodas de samba, ainda hoje.”

Bruna Medeiros no evento Mesa Criativa

Mais do que um lugar de acolhimento, ocupar esses espaços proporciona visibilidade para artistas que pertencem a grupos minoritários no Brasil, como a população LGBTQIAPN+, povos originários, mulheres e negros. Esses grupos geralmente não ocupam um lugar de destaque na cena artística, resultando na falta de representatividade e diversidade cultural. Nesse contexto, PV Barbosa ressalta: “Minha participação no carnaval me permitiu ter visibilidade e representatividade como artista e para a minha contribuição na luta pela igualdade e representatividade LGBTQIAPN+ nos espaços culturais aqui do Espírito Santo”.

A importância de tais espaços de visibilidade e inclusão também se reflete na organização da XII Parada LGBTQIA+ do Espírito Santo. Este evento, que é um dos maiores do estado, não apenas celebra a diversidade e os direitos da comunidade, mas também destaca a necessidade contínua de lutar por espaços onde todas as vozes possam ser ouvidas e valorizadas.

O moderador do evento, Pablo Vieira, Educador Social na Associação GOLD, organização que desde 2005 promove e defende os Direitos Humanos no Espírito Santo, enfatizou importância da Parada LGBTQIA+. “Precisamos entender que a parada não é um evento, é um manifesto. Não é somente fazer um “line-up” de um festival, deve ser esse lugar de manifesto, do ato político de existir.” 

Ele também destacou que a escolha dos artistas que se apresentarão durante a parada foi cuidadosamente planejada para dar visibilidade a artistas capixabas LGBTQIAPN+: “No Espírito Santo, é complicado acessar e conhecer essas pessoas. Então, lançamos uma pesquisa para entender como está a produção capixaba LGBTQIAPN+.”

A XII Parada LGBTQIA+ do Espírito Santo, marcada para o dia 28 de julho no Sambão do Povo, em Vitória, será a oportunidade perfeita para celebrar essa diversidade e reafirmar a importância de um ambiente inclusivo e representativo para todos. 

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Uso da maquiagem como ferramenta de expressão e representatividade na comunidade LGBTQIA+ https://oleque.com.br/2024/07/24/uso-da-maquiagem-como-ferramenta-de-expressao-e-representatividade-na-comunidade-lgbtqia/ https://oleque.com.br/2024/07/24/uso-da-maquiagem-como-ferramenta-de-expressao-e-representatividade-na-comunidade-lgbtqia/#respond Wed, 24 Jul 2024 01:10:23 +0000 https://oleque.com.br/?p=100

Por Maliah Moraes e Thaissa Lannes

Estima-se que a maquiagem surgiu entre 3.000 e 2.500 anos a.C., na civilização egípcia, com a utilização de substâncias naturais, como óleos, minerais e plantas, para embelezamento e participação de festejos, adoração aos deuses e celebrações. A palavra maquiagem, por sua vez, vem do árabe “mukh” e significa adorno facial, ou seja, aquilo com que se orna ou enfeita.

Ao longo de todos esses anos, a prática naturalizou-se à vida cotidiana e foi amplamente difundida em todo o mundo. Diante disso, o ato de se maquiar foi incorporado a comunidades, assumindo um papel não somente de embelezamento, mas também de resistência e autoestima. A popularização de tutoriais de maquiagem nas redes sociais tem democratizado o acesso a técnicas e produtos, permitindo que indivíduos de todas as identidades possam explorar suas individualidades.

Para a comunidade LGBTQIA+, a ferramenta surge como um método de autoexpressão e representatividade. Ao longo das últimas décadas, a prática tem desempenhado um papel importante na afirmação de identidade e na promoção da diversidade, influenciando a cultura e a visibilidade das identidades transexuais e não-binárias.

A maquiagem começou a ganhar relevância na comunidade como um meio de enfrentamento às normas de gênero e afirmação à individualidade. Historicamente, artistas drag foram pioneiros nesse processo, especialmente em meados dos anos 70. O visual exuberante e teatral das drag queens tornou-se um símbolo de resistência e empoderamento da identidade queer.

Lakina: poder, impacto e arte

Fulana de tal fazendo alguma coisa. Foto: Crédito
Foto: Vagner Rezende

Inserido neste importante universo artístico, o estudante de Publicidade e Propaganda, Robert Bizi (21), utiliza técnicas de maquiagem para dar vida à drag queen Lakina. É neste contexto que a ferramenta vai além da expressão artística, assumindo o potencial de explorar diferentes facetas de sua personalidade e identidade.

Robert conta como surgiu o desejo por iniciar esse projeto marcante para sua liberdade de autoexpressão. “A Lakina está comigo desde criança, me conhece muito bem, e nada mais era que minha amiga imaginária de infância e hoje em dia eu a transformei em drag, em arte. Eu era uma criança muito insegura e a Lakina me ajudava a ter coragem e força. Ela conta histórias e é um mix das minhas referências, de cantoras que eu gosto, atrizes, personagens, enfim, das minhas inspirações desde criança. Ela é um lado sensível, bonito, mas também de bastante estranheza, digamos assim”. 

Quando questionado a respeito do poder da maquiagem para a representatividade da arte drag, Bizi aponta: “A maquiagem é o que impacta as pessoas. Ela pode transmitir sentimentos e até mesmo contar uma história. Com a minha drag, eu gosto muito de contar histórias, então, a maquiagem é uma forma poderosa de me ajudar a contar quem é a Lakina por meio do Robert, e vice versa”. 

Em termos pessoais, enquanto pessoa LGBTQIA+, Robert aponta o papel que a maquiagem representa tanto no cotidiano, quanto no passado, tendo em vista sua trajetória de autoaceitação. “A prática tem um espaço bem íntimo dentro do meu coração e tem lembranças bem gostosas. É um ato de autoestima e confiança pra mim. Desde quando eu passava maquiagem escondida em casa e depois, de pouco a pouco, eu fui vendo e descobrindo quem eu era. E continua: “Acredito que a maquiagem tem um grande peso nisso sim, de saber quem eu sou e hoje em dia eu posso celebrar, é incrível. É como um ritual, eu amo estar com as amigas, nos maquiarmos juntas, é uma forma também de contato, de relação”.

Lakina
Clipe de "Rastro" por Lakina e Gabriela Moulaz

Embora a prática milenar contribua para a autoestima de inúmeros indivíduos, a artista reitera: “É preciso nos atentarmos também aos males: muitas vezes as pessoas se auto-sabotam procurando a perfeição de padrões e de técnicas de maquiagem, buscando a perfeição, estar semelhante a outras celebridades ou personagens. Existem milhares de maquiagens e técnicas, não devemos nos prender a padrões e sim utilizar os produtos como uma forma de se expressar, de se sentir bem. Então, é você com você mesmo, não há regras”.

Além disso, a representatividade é crucial para a construção de uma sociedade inclusiva, uma vez que ainda há muitos desafios a serem enfrentados. Para a comunidade, a maquiagem desafia estereótipos e amplia a visibilidade de diferentes identidades. Lakina reforça que “Os principais desafios são a intolerância, o desrespeito e a discriminação. Mesmo você sendo muito confiante, você sente que quando você chega no lugar, as pessoas olham torto pra você. E para todos nós, pessoas LGBTQIA+, é algo muito comum e muito triste, é um sentimento que a gente sente desde muito, muito cedo. É por isso que a maquiagem surge como uma forma de enfrentar esse preconceito com mais confiança e celebrarmos quem somos”. 

“A maquiagem tem sido de extrema importância para afirmar a minha identidade, e isso mostra ao mundo o que é a identidade não é binária e, sobretudo, que há beleza na diversidade. Com ela eu consigo me empoderar, me desafiar e expressar quem eu sou.” declara Robert Bizi. 

Técnicas, produtos e representatividade

No universo drag, a maquiagem é utilizada como forma de arte. A transformação é frequentemente dramática, com ênfase em técnicas como contorno, iluminação e aplicação de produtos de longa duração. As técnicas incluem contornos marcantes, aplicação de cílios postiços para um olhar mais intenso e o uso de pigmentos brilhantes para criar efeitos dramáticos. 

“Ao celebrar essas expressões de identidade, estamos, ao mesmo tempo, promovendo a aceitação e o respeito mútuo, pilares fundamentais para a construção de um mundo mais justo e igualitário.” finaliza Bizi.

NEY, 1973

A produção de ‘NEY, 1973’ é uma homenagem de Lakina ao cantor Ney Matogrosso. O músico é uma referência para Robert Bizi, trazendo inspirações, encorajamento e autenticidade ao interprete de Lakina.

 

Conheça mais sobre Lakina:

Instagram Lakina: @iamlakina 

Link: https://acesse.one/iamlakina

Outras produções:

https://www.instagram.com/reel/C8Pck0yO0Mx/?utm_source=ig_web_button_share_sheet

https://www.instagram.com/reel/C8Pck0yO0Mx

“Rastro” por Lakina e Gabriela Moulaz

VÍDEO: https://www.instagram.com/reel/C8Pck0yO0Mx

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Higienismo e desinformação são causas do adoecimento da comunidade trans no ES https://oleque.com.br/2024/07/24/higiene-ambiental-precarizacao-e-desinformacao-como-causa-do-adoecimento-da-comunidade-trans/ https://oleque.com.br/2024/07/24/higiene-ambiental-precarizacao-e-desinformacao-como-causa-do-adoecimento-da-comunidade-trans/#respond Wed, 24 Jul 2024 00:48:56 +0000 https://oleque.com.br/?p=447

Por Uandyleia Dias

Higiene ambiental é o termo que defende o espaço físico e o acesso a uma higiene adequada como intrínseca à saúde e o bem-estar de um indivíduo, em outras palavras, é a garantia de uma qualidade de vida. Apesar de ser um direito de todo cidadão, essa garantia é constantemente negada a populações minorizadas. 

Para a comunidade transexual e travesti em especial, não só são privados desse direito, como são vistos por parte da população como o problema dele. Alvos de diferentes projetos de higienização do Estado, a comunidade trans e travesti é diariamente acometida por políticas antitrans que se utilizam da precarização e da desinformação para eliminar a comunidade da sociedade.

Para entender como o território e o acesso a uma saúde pública de qualidade são elementos fundamentais da luta trans e travesti no Brasil, O Leque conversou com o médico de Família e Comunidades, Zá Oliveira, e com a estudante e militante estudantil da Universidade Federal do Espírito Santo, Duda Vicente.

Ouça a entrevista na íntegra.


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